Luca Seripieri não se intimida com a juventude e foca seu primeiro título na Porsche Império GT3 Cup
Ele estreou na Porsche Império GT3 Cup na temporada passada. Mas foi apenas em 2017 que passou a disputar o campeonato completo. A pouca idade, são 18 anos, e o jeito tímido em algumas situações até poderiam resultar em um ano sem muito sucesso. Muito pelo contrário. No meio de diversos pilotos experientes, alguns deles com uma bagagem internacional, Luca Seripieri não se intimidou. E assim, chega à última etapa da Endurance Series na liderança do campeonato e como um dos candidatos ao título da categoria Challenge.
Não é complicado perceber a juventude do piloto. Não apenas pela aparência, mas também pelo jeito de falar. Mas nada disso tem atrapalhado ele nas provas de longa duração. Afinal, a parceria com seu coach Alan Hellmeister rendeu a primeira colocação após duas etapas, com direito a uma vitória geral em Goiânia-GO, a primeira dele na categoria.
“Começar nesse ano e já chegar no fim de um campeonato, que é o de Endurance, liderando, nunca foi algo que a gente esperava ou planejava. Mas é sempre bem-vindo. Quando chegamos na etapa de Goiânia, sabíamos que eu vinha treinando e vinha fazendo todo o possível para ser o mais competitivo possível. Consegui entrar em um ritmo bom, e sabíamos que poderíamos disputar lá na frente. No entanto, a liderança do campeonato, de fato, não era algo que a gente esperava. Mas agora que a gente tem, não queremos perder”, afirmou o competidor.
Ao lado de Hellmeister, além do triunfo na capital de Goiás, Seripieri conta com uma quinta colocação na etapa de abertura da Endurance Series, no Velo Città, em Mogi Guaçu-SP. Os resultados colocaram a dupla na ponta do campeonato, com 53 pontos.
Mas não é apenas nas provas de longa duração que o jovem piloto mostrou todo seu valor. Apesar de ter ficado longe do título da Challenge e da Challenge Sport no Sprint, o competidor surpreendeu. Principalmente após o segundo lugar geral, o primeiro na Challenge Sport, em uma das provas disputadas em Buenos Aires (ARG).
“Aquela corrida foi muito legal. Na ocasião, vivi a sensação de ter o primeiro pódio e um primeiro lugar com o mérito sendo só meu. Mesmo sendo na categoria Challenge Sport, é um primeiro lugar. É uma categoria muito forte, então, já dá uma felicidade. Essa corrida me motivou bastante. Era a primeira etapa para todos os pilotos com uma pista nova. Então, como é meu primeiro ano, tinha de me adaptar à todas as pistas, com exceção de Interlagos e Goiânia. Vejo aquela etapa como uma das mais equilibradas, era de fato a pista onde estavam todos iguais. Para mim, ter chegado no segundo lugar nessas condições, motiva bastante. Isso mostra que, quando as variáveis são equilibradas, eu consigo andar no nível. Na primeira corrida em Buenos Aires, me perdi no carro e, na primeira volta, perdi tudo. Aí, me foquei e me concentrei para vencer a segunda corrida. Foi o que eu fiz”, explicou.
Com uma temporada quase completa na categoria, Seripieri já não se assusta mais com o que pode encontrar pela frente nas pistas. E após os primeiros grandes resultados, não é exagero sonhar com o título. Isso mesmo com apenas 18 anos.
Confira um bate-bola com Luca Seripieri:
1- Qual a expectativa para a última prova do ano?
“A expectativa é a mesma de sempre, fazer nosso melhor, tentar aproveitar os treinos livres e opcionais para buscar o melhor acerto do carro. Temos de nos preparar até lá. Eu e o Alan já estamos nos preparando faz um tempo para essa etapa, que é mais longa. Temos de fazer a melhor classificação possível, mas sabemos que a corrida de longa duração não se ganha na classificação, nem nas primeiras voltas. Você ganha ao longo da corrida. Temos de montar uma estratégia sabendo do potencial que temos”
2- Essa foi sua primeira temporada completa na Porsche Império GT3 Cup. Como você avalia seu ano?
“Essa temporada foi muito melhor do que eu esperava. Consegui disputar pódio na geral e na minha categoria. Comecei andando atrás no grid e vim subindo. Evoluí bastante. Avaliar a temporada vai muito além de mim. Tenho de agradecer ao apoio de todas as pessoas que temos nos bastidores: o Alan, meu coach, que está me ajudando a ser o melhor piloto possível, meu preparador físico, a turma do kart… Se tivesse de avaliar essa temporada, posso dizer que tem sido muito boa, com muita aprendizagem, muita evolução. Amadureci muito como piloto. Mas reconheço que um ano no automobilismo é quase nada. Sou muito jovem ainda e tenho muito a aprender. De fato, estou contente com esse primeiro ano”
3- Você teve sua primeira vitória na categoria na última etapa de Endurance, em Goiânia. Como avalia a prova? Como foi a sensação ao subir ao lugar mais alto do pódio?
“Essa última etapa em Goiânia foi muito especial para mim. Estreei na categoria no ano passado em Goiânia, também com um pódio, ao lado do Nonô Figueiredo. Ficamos em terceiro lugar. Poder voltar na etapa que estreei um ano depois, dividindo o carro com meu coach, que é um amigo, e subir ao lugar mais alto do pódio, é especial. Sei que isso é fruto da minha dedicação, do trabalho que o Alan tem feito comigo. Não estávamos com o carro que era o melhor possível, mas tivemos de nos adaptar e administrar situações. É até difícil colocar em palavras a sensação de subir pela primeira vez no lugar mais alto do pódio”
4- Você estreou na Porsche Império GT3 Cup na temporada passada, justamente em uma prova de Endurance, e logo já foi ao pódio. Dá para dizer que você é um especialista nas provas de longa duração?
“Já me fiz várias vezes essa pergunta. Uma coisa que a gente vem percebendo em mim é uma certa constância. Isso é muito bom para uma prova de longa duração. Com isso, a gente consegue manter uma estratégia. Como meus tempos são constantes, a gente consegue colocar isso dentro da estratégia e fazer o que planejamos. Ao mesmo tempo, acho que em provas de longa duração, é mais do que só o piloto. Essas provas envolvem equipe, período no box, perder o mínimo de tempo possível. Acho que provas longas são mais prazerosas que as curtas, nas quais você sente que acabam muito rapidamente e sempre quer algo a mais. Nas disputas de longa duração, você aproveita mais o tempo, não é aquela coisa que as pessoas vão se matando para ganhar nas primeiras voltas, é um jogo de estratégia. Essa disputa requer a habilidade de ser rápido e a constância. Sou uma criança ainda no mundo. Não estou na posição de me julgar em nada, mas, de fato, me dou bem em provas longas”
5- Como vai ser a tática para essa prova mais longa do campeonato, de 500km?
“A tática é a mesma que tivemos na Endurance Series inteira: procurar a melhor constância possível, largar sabendo que temos uma corrida de quatro horas pela frente. Precisamos ser competitivos e, ao mesmo tempo, espertos. Não podemos disputar a posição com alguém que está descontando ou colocando uma volta. Precisamos respeitar os carros da Cup, não atrapalhar os outros, mas podemos nos prejudicar ao deixar alguém passar. Tem de correr com rapidez, ser competitivo e, mais do que isso, usar a cabeça”
6- Quais os planos para 2018?
“O mais concreto que temos é continuar o trabalho que estamos fazendo, disputar mais uma vez a Porsche Império GT3 Cup e chegar mais competitivo no campeonato de Sprint. Vamos manter o nível de dedicação e empenho. Inicialmente, o único campeonato no plano é o da Porsche, participando da temporada de Sprint e de Endurance. Sem esquecer os treinos fora da pista, com o simulador e, especialmente, o kart”